20.6.08

A falácia da segurança pública levada a sério

por Ton Torres

O sujeito acorda às 4 horas da manhã porque depende dos precários e escassos meios públicos de transporte para ir trabalhar. Soma-se a isso 3 horas de viagem só na ida para o trabalho, alternando-se entre ônibus, trens e metrôs, todos de péssima qualidade e lotados.

Já no trabalho, sabe que só está lá para pagar impostos, pois o governo se tornou uma máquina de gastança “nunca antes vista nesse país”. A média de impostos no mundo gira em torno de 5,5%. No Brasil, estamos na casa dos 12.

Na saúde, se tem algum problema, é jogado no corredor da morte, mais conhecido como SUS (Sistema Único de Saúde). Sim, realmente único, pois em nenhum outro país do mundo a pessoa é tratada tão monstruosamente com descaso. Na saída do hospital, vai pegar o filho na escola, que segundo recente estudo da UNESCO, é a educação das escolas públicas é a pior de década.

É um bom resumo do dia-a-dia do trabalhador brasileiro, não? Ainda não, pois agora temos a falácia da segurança pública levada a sério. São policiais corruptos, que matam, seqüestram e roubam. São bandidos que ao assaltarem o caixa automático de algumas agências bancárias, recebiam escolta armada de policiais militares fardados, em serviço e em viaturas da corporação. São jornalistas seqüestrados, torturados e ameaçados de morte e violência sexual por policiais de milícias. São soldados do exército que seqüestram e entregam jovens a facções rivais. São soldados que se declaram homossexuais e são presos 2 dias depois.

E no final de tudo isso sabemos em quem o cidadão votou, vota e votaria se tivesse uma terceira chance.

O gordo, o barbudo e o que não tomava banho


por Ton Torres

Houve um tempo em que multidões de trabalhadores se amontoavam em greves e paralisações. Era tempo de mudanças, e uma nova forma de enxergar o trabalhador comum pairava no ar. Quem, nos dias de hoje, pode ousar dizer que não conhece o ABC paulista e suas histórias? Ficaria marcado em todos os livros aquele pequeno homem gordo, barbudo, parecendo que não tomava um bom banho há anos, que era de origem humilde e bufava palavras de ordem, enchendo de esperança todos os funcionários em suas manifestações.

Então, mais tarde, surgia uma idéia: se um homem simples é capaz de coordenar multidões, por que não lançá-lo a presidência? Era matemática pura e simples, pensavam integrantes de um partido que zelava a ética e os bons costumes. Esse homem gordo, barbudo e que não tomava banho era tudo que o Brasil precisava. Ele defenderia os trabalhadores, teria o vermelho como sua bandeira e, ainda por cima, lançaria argumentos que convenceriam qualquer um. "Governo de fulano de tal é corrupto", gritava o gordo. "Esse tal de Fernando Henrique só sabe governar através de medidas provisórias", bracejava o barbudo. "Sempre direi não à CPMF", completava o homem que não tomava banho. Bons pontos explorados, não?

Nenhum brasileiro agüentava pagar tanto imposto, e um homem que dizia não à CPMF era um ícone a ser seguido. Fernando Henrique lançava medidas provisórias demais, e casos de corrupção, mesmo que discretos, eram de conhecimento popular desde o princípio da humanidade.

Nisso, eis que o homem gordo, barbudo e que não tomava banho era eleito. Novas páginas escritas na história do Brasil? Sem dúvida. Mas não como pensávamos...

Lula é eleito presidente em 2003, projetando uma onde de esperança “nunca antes vista nesse país”.

Mas alguma coisa estava errada. Aquele pequeno homem gordo continuava gordo, porém comendo alimentos de primeira linha. O homem barbudo continuava barbudo, mas com uma barba aparada, sob um terno italiano e gravava sueca. O trabalhador que não tomava banho passou a tomar um, na banheira presidencial, e mandava o carro oficial buscar o cão de estimação da família. Será que isso era normal? Bom, o coitado era de origem humilde, também tem o direito de provar dos prazeres da vida política.

Apesar das mudanças, uma coisa nunca mudou: Lula odiava estudar, e manteria essa sua crença para provar a todos que o trabalhador do ABC paulista não mudou. Lula era presidente, mas continuava falando errado, escrevendo errado e pensando errado. Sim, pensando errado, pois o único erro que o presidente do “ler é muito chato” cometera era continuar afundado em sua miopia intelectual.

De lá pra cá a história é bem conhecida. O partido político que zelava a ética e os bons costumes foi pego em um dois maiores escândalos de corrupção política do Brasil: o mensalão. Dezenas de homens do presidente Lula caíram, foram cassados ou derrubados. Lula mantinha-se intacto.

As medidas provisórias que Lula emanava eram já tidas como anticonstitucionais, tendo até mesmo a atenção do Supremo Tribunal Federal, a corte máxima do país, aconselhando-o a manter cautela, pois o STF não estava gostando disso. Lula colocava no chinelo o número de medidas de Fernando Henrique.

Por fim, temos o não à CPMF, certo? Errado. Apesar de a oposição barrar o famoso imposto do chefe, do qual Lula sempre foi contra, o governo precisava de mais dinheiro, pois continuava gastando como nenhum outro governo gastou antes. Resolveu, então, assaltar seu cofre particular, o povo brasileiro. Ontem foi aprovada na Câmara a CSS, Contribuição Social para a Saúde, por apenas 2 votos, o seu novo imposto. Sim, seu, pois quem vai pagar é você. Com a mesma falácia da CPMF de que o dinheiro seria encaminhado para a saúde, os cerca de 11 bilhões previstos com a arrecadação da CSS, que começará em janeiro de 2009, terá como destino a saúde pública. A única esperança que nos resta é de que o Senado barre o novo imposto.

Tudo que Lula já foi contra um dia se mostrou como falso. Lula governa conforme a música. Lula governa como ou tão pior quanto Fernando Henrique. Lula é um erro. Lula é fruto da vaidade, da gula e da ganância de Luiz Inácio Lula da Silva. Infelizmente, não se fazem mais homens gordos, barbudos e que não tomam banho como antigamente.

11.6.08

Eurocopa 2008 - ao vivo



3.6.08

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós


por Maria Lucia Victor Barbosa*

Luiz Inácio, que o PT ardilosamente transformou no símbolo do “humilde operário”, passando assim a idéia subliminar de que ele é uma vítima do sistema, um representante autêntico dos trabalhadores explorado pelos patrões, ou seja, a imagem viva da luta de classes, mostrou claramente o vezo autoritário que, aliás, é inerente a seu partido. Com estilo palanque em fúria ele atacou as vaias sofridas primeira vez e ameaçou os movimentos sociais que estão brotando espontaneamente. Pontificando sobre democracia, conceito que é alheio a um partido como o PT, ele afirmou: “ninguém neste país sabe colocar mais gente na rua do que eu”.

A advertência autoritária era uma resposta à manifestação havida em São Paulo, quando 6.500 pessoas protestaram contra o caos aéreo e se solidarizaram com as quase 200 vítimas do airbus da TAM. Servia também de ameaça aos que pretendem em várias capitais brasileiras se manifestarem no dia 4 de agosto contra a incompetência governamental, os impostos abusivos, a corrupção deslavada, a violência que vitima inocentes, principalmente no Rio de Janeiro que voltou a sua guerra civil depois que acabou o PAN. Sobretudo, as palavras raivosas do presidente visaram movimentos como o do Grupo “Cansei”, da OAB de São Paulo.

Mas quem Luiz Inácio pretende por nas ruas para esmagar esses impertinentes e poucos brasileiros que parecem estar acordando do estado de catalepsia mantido pela massacrante propaganda enganosa do governo, e pelo culto da personalidade em torno do chefe? Será o numeroso exército pára-militar formado pelo MST? O braço sindical petista, a CUT? A UNE, quem sabe, que alguns acusam de estar a soldo do governo? Qualquer milícia à moda fascista-chavista poderá servir para intimidar os poucos que Alexandre Garcia em magistral artigo comparou aos 300 de Esparta.

A retórica enfurecida do presidente Luiz Inácio que nada mais é do que a repetição das palavras de ordem convencionadas pelo PT, ou seja, o discurso unificado que Olavo de Carvalho conceituou como “imbecil coletivo”, pode assustar, impressionar, mas não resiste a um exame em que predomine a lógica e uma revisão da história recente. E note-se que ele usa a velha e conhecida tática petista que primeiro desqualifica o adversário e depois ataca com uma espécie de terrorismo de intimidação. “Golpismo”, “oposição mascarada”, “oportunismo da direita”, “conspiração da elite branca de Campos do Jordão”, “marcha da família com Deus”, são repetidos como mantras pelo presidente, pelos dirigentes do partido, pelos devotados militantes.

Afinal, insurgir-se contra o poderoso pai Lula, que confessou em público ter dado mais lucros aos ricos do que esmolas oficiais aos pobres é um crime de lesa majestade porque atinge o símbolo que mantém privilégios, cargos, imunidades da companheirada espalhada pelo latifúndio estatal por um dos arquitetos do regime petista, o ainda poderoso José Dirceu. Seria inconcebível aos “mandarins” do PT e a seus seguidores mais privilegiados perderem a posição arduamente conquistada de “elite branca” do poder político e econômico. Daí o ardor com que se blinda com uma cortina de aço aquele que possibilita e mantém as delícias da corte.

Os termos usados por Luiz Inácio e seus companheiros para desqualificar e intimidar os poucos opositores que ousam se insurgir contra a majestade do “pobre operário” soam, porém, inteiramente falsos. Quando Luiz Inácio, como deputado federal, propôs o impeachment do presidente Collor e o PT soltou nas ruas suas hostes de cara-pintada ou não, José Dirceu não achou que isso desestabilizaria o Brasil. E durante oito anos o PT berrou “Fora Fernando Henrique”, assim com fez suas greves selvagens e vaiou a valer tudo e todos que acharam merecedores de sua estridente e implacável oposição. Brizola dizia que “o PT vaia até toque de silêncio”. Agora não pode, o que demonstra medo e insegurança dos que não fundo sabem muito bem o que se oculta nas entranhas de um Estado por eles dominado.

O PT acabou com os partidos de oposição, corrompeu todas as instituições e entidades da sociedade civil, chamou para seu lado os ricos que sustentaram as campanhas do “pobre operário”, agraciou os pobres com as esmolas que os manterão sempre pobres. O PT jamais foi democrático nem nunca o será, mesmo porque está ligado a Fidel Castro e a Hugo Chávez formando com estes o “Eixinho do Mal” latino-americano.

Mas tantas ele fez que a sociedade está ficando cansada de perdoar. Era inevitável que alguma oposição surgisse. Ao PT no poder seria melhor ter um mínimo de autocrítica e humildade, analisar em profundidade seus erros e tentar corrigi-los ao invés de ficar ameaçando, mentindo, ostentando comportamento ditatorial. Quanto a nós, os “espartanos”, resta repetir com convicção a estrofe de um dos nossos hinos mais belos: “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”. E de tudo fazer para conquistá-la em plenitude, porque, depois da vida, a liberdade é nosso dom maior.

* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

Apenas uma picadinha

por Beatriz Ramos

Depois de algum tempo sem escrever nada e esperando as coisas caírem do céu, enfim, fui à luta. Fui atrás de histórias e exames médicos para marcar minha vida bandida.

Bom dia pra você também. Se estou doente? Não mesmo. Estou florescendo por dentro em pleno outono, a ironia e o sarcasmo voltaram ao meu magnífico corpo de um metro e setenta e cinco centímetros. A disposição que tinha dado trégua está de volta. Afinal, hoje foi dia de levar picadinhas.

Vou explicar antes que mentes malignas pensem que ando usando, fazendo ou fabricando algo ilícito. Lá vem a verdade: estou acordada desde às seis da matina, vendo soldadinhos verdes brincando de sitiar a minha cidade pacata e vulnerável. Não comi meu satisfatório café da manhã apenas para fazer o teste, de graça, que podia me dar alguns anos a mais de vida. Fui fazer o diagnóstico contra o vírus da Hepatite C. Certas campanhas de graça são válidas, ainda mais para uma menina como eu, que decidiu viver além dos cem anos.

Cheguei ao posto de saúde, às 08h30min (não me perguntem o que estava fazendo entre as seis da manhã até às oito e meia), não é um horário fictício ou aproximado, eu realmente marquei porque não tenho muita noção de hora e não queria me perder entre o tempo e espaço, já que isso não é difícil para mim.

Voltando para a picada. Primeiro, a moça com cara de “nádegas” preencheu minha ficha usando uma camiseta, até que legal, escrita “Fique Sabendo” (slogan da campanha). Depois uma médica estúpida veio gritando na fila onde eu estava, porque não tinha ganho a bendita camiseta. Eu gostaria de ter respondido para ela, mas meu nível de educação voltou junto com as idéias maldosas. Então, me omiti a apenas prestar atenção nas pessoas que estavam na fila comigo. Pessoas que eu não posso chamar de normais. Ninguém naquele lugar parecia normal. Ninguém que vai fazer um teste de Hepatite C, às 8 da matina, em jejum e esperando quase duas horas por um resultado, não pode ser considerado normal. E o mais interessante são as amizades que ficam nesses tipos de ocasiões. Eu conversei sobre política, sobre educação, sobre banco de dados e sobre a vida das pessoas, o comum, o óbvio.

Porém, o que mais me marcou não foi ter ficado duas horas sentada num banco de madeira, esperando uma moça toda de branco furar meu dedo sem saber se poderia ter ou não Hepatite C. O interessante foi observar um casal de senhores, velhinhos de mais de 70 anos. Tirando a admiração, carisma, paciência e total amor platônico que sinto por pessoas dessa idade, esse casal me impressionou. O senhor todo embecado, com roupa combinando, muito atencioso com sua donzela, também com mais de 70 anos. Eles cuidam da saúde juntos, por isso estavam lá aproveitando, como eu, a tal campanha de graça.

Em um determinado momento ele perguntou ao seu amor se ela estava cansada. A mocinha madura respondeu: “estou com soninho”. Ele continuou dizendo, “soninho? Daqui a pouco você vai poder descansar gostoso”. Só não chorei porque meus olhos já são lubrificados normalmente.

Em todo o meu dia, fiquei alegre por ter visto essa cena que, às vezes, parece não existir mais. Nem assistindo ao filme Homem de Ferro me deixou tão alegre como isso.

Sobre a minha picada, o diagnóstico foi negativo. Não tenho nenhum vírus feio em mim, mas terei que tomar vacinas atrasadas contra a Hepatite C.

Mas em agosto e em setembro terá outra campanha, e eu, estarei lá, levando meu sangue à mostra e cuidando da saúde para chegar aos 100 anos com corpinho de 95.

Freak Power !

24.5.08

Quando a rua faz história

por Fábio Santos

Mais uma vez, venho ao “Seu Brasil” para defender a idéia de que a solução para todo e qualquer problema em nosso planeta deve ser resolvido com a educação, ou melhor, com o conhecimento. Aproveitando o gancho do texto do Cleyton sobre o estrangeirismo, gostaria de ressaltar que sou totalmente a favor das mudanças, mas para que ela seja feita embasada num conhecimento prévio do que está sendo mudado. No caso da língua, fico muito triste ao constatar que a maioria dos brasileiros não sabe, ao menos, organizar algumas idéias em linhas gerais.

Embasado nesta filosofia, resolvi exibir neste blog, aproveitando sua característica multimídia, uma série de reportagens sobre o ano de 1968 e as mudanças políticas acarretadas na época. Muitos reclamam da pouca vergonha dos políticos, da impunidade da justiça e da banalização da violência. Pois é, apesar do nosso atual presidente tentar impor algumas medidas contrárias, vivemos num país democrático, que enfrentou anos de repressão e embates do povo contra o Estado.

A “revolução” do povo foi um movimento global e teve seus reflexos no Brasil. Esse vendaval de mudanças políticas gerou o mundo globalizado, do qual fazemos parte. Assim sendo, deixo esta publicação como uma chamada para resgatarmos nossa história e entender um pouco mais nosso futuro.

Digo isso, pois fico preocupado com nossa juventude alienada, que não tem nenhum interesse sobre o conhecimento, formando apenas uma massa movida pelo consumo.

Segundo Episódio: Quando a rua faz a história

O segundo episódio da série sobre 1968 destaca que a rua foi o lugar em que se fez história em vários países, inclusive no Brasil. Naquele ano, estudantes tomaram a palavra e foram à luta.

19.5.08

Um Brasil norte-americano


por Ton Torres

É correto afirmar que o estrangeirismo, principalmente o de origem norte-americana, já ultrapassa certos limites do que seria uma utilização moderada, chegando até mesmo a ser desnecessário e incorreto o seu emprego em alguns pontos.

Contudo, proibir o uso de termos da língua inglesa não é o caminho adequado para uma não descaracterização da cultura vivida na terra-brasilis.

Se a história nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre o outro se dá pela imposição da língua e dos costumes, nós devemos nos considerar há muito tempo totalmente dominados. Pois se vamos proibir o uso exagerado do estrangeirismo, devemos, então, proibir a própria rede mundial de computadores, a internet. Não só a internet, mas os próprios computadores, assim como roupas, músicas e tudo o que se origina da cultura ianque.

O mundo gira em torno da cultura norte-americana, é impossível – para não pronunciar ridículo – querer vetar a importação de traços americanos.

Vivemos em um mundo globalizado, pós-moderno, um mundo integrado e sem barreiras geográficas. Não precisamos sufocar a cultura brasileira, pois essa jamais se apagará, mas não devemos nos preocupar supondo que um idioma estrangeiro irá suprimir a cultura nacional.

Ademais, é evidente, por exemplo, que um comerciante que possui um empreendimento no ramo de “fast-food” não irá produzir os mesmo índices de faturamento se a rede passar a se chamar “comida rápida”. Nessa caso, não podemos nem considerar o termo “fast-food” um estrangeirismo, pois já foi absorvido no linguajar do dia-a-dia, sendo um produto tão comum quanto dizer self-service, pastel, hobbie, chocolate, disk, entre outras.

Nenhum dos temos citamos acima, em nenhum momento da história, projetou ameaças à nossa cultura ou a imagem brasileira. Ao invés de proibir a utilização de termos da língua inglesa, poderíamos, talvez, fazer primeiro que os brasileiros criem em si mesmo um mínimo de amor pelo próprio país, pois isso sim é uma inveja que devemos ter dos norte-americanos.

16.5.08

Lula e meio ambiente: nada a ver

por Ton Torres

O novo ministro do Meio Ambiente, o deputado estadual Carlos Minc (PT-RJ), disse que foi intimado a aceitar o cargo. Intimado? Sim, intimado. Quem intimou? Lula intimou. É praxe de o governo petista intimar, assim como ameaçar e censurar.

Marina Silva pediu demissão. Disse que tomou tal decisão por encontrar barreiras que a impediam de exercer sua função plenamente. "A minha permanência não estava mais agradando”, disse a ex-ministra. Quem impediu? Tanto a oposição quanto o governo. Os petistas não gostam de quem trabalha direito. A oposição também não gosta. É melhor impedir e deixar que os outros pareçam ineficientes. Vale lembrar que a saída de Marina Silva foi lamenta por diversos órgãos internacionais, como o Greenpeace e a WWF, além da própria chanceler alemã, Angela Merkel.

Minc anunciou que pretende manter parte da equipe de Marina Silva e convidar o ex-governador do Acre, Jorge Viana, para ser coordenador-executivo do Plano Amazônia Sustentável, cargo para o qual Lula nomeou o ministro Extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. Minc disse também que pretende aumentar as exigências e diminuir a burocracia em relação às novas concessões ambientais.

Sai Marina. Entra Minc. Lula nunca acerta. Sempre entre escolher o certo e o errado, Lula opta todas às vezes pelo errado. Quando erra e a coisa vai bem, a alma petista fala mais alto e impede a funcionabilidade de algumas pastas governamentais. Minc pediu carta branca a Lula. Melhor dizendo, pediu “carta verde”. Esse é meu medo: dar liberdade a um petista em relação a papéis verdes. Muitos papéis verdes.

Uma parceria comigo mesmo

por Ton Torres

Semana passada recebi um telefonema muito agradável. Era uma tarde fria e, apesar de ainda estar apenas no meio da tarde, já era escuro. Atendi meu celular, mesmo sem reconhecer o número que aparecia no visor. “Senhor Cleyton?”, perguntava a simpática voz feminina. “Sim”, confirmei. “Seu projeto foi aprovado e, por isso, saiu a sua bolsa”, completava a moça do telefone.

Sim, saiu a minha bolsa. O peso, para mim, não era o do valor financeiro que eu iria poupar, mas sim o de reconhecimento de meu projeto acadêmico. Com certeza muitos projetos foram enviados, mas apenas alguns seriam selecionados e outros menos ainda seriam contemplados com a bolsa de estudos.

Para muitos pode até não ser grande coisa, mas para mim o fato de que meu projeto foi objeto de interesse e aposta dos professores que o analisaram, já é um ponto importante e um ânimo a mais para seguir em frente na academia. Agora, sou bolsista do Programa de Pós-Graduação em Assessoria, Gestão de Comunicação e Marketing, oferecido pela Universidade de Taubaté (UNITAU). Portanto, a partir de agora resolvi realizar uma parceria comigo mesmo e iniciar um projeto que pretendia por em prática no ano passado, mas que por motivos diversos não o iniciei. Trata-se apenas de publicar, aqui no blog, com uma periodicidade não muito fixa, artigos próprios, vídeos, entrevistas e outros pontos embasados no tema do projeto: Eco Marketing.

O primeiro post é apenas expositório, só para familiarizá-lo com o projeto: um blog sobre Eco Marketing, escrito por um pós-graduando. O segundo texto já irá posicioná-lo melhor sobre o tema e sobre os caminhos que pretendo trilhar no curso até chegar ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que á a monografia final, que me fornecerá o título de especialista.

No mais, aguardo leituras, críticas, sugestões e comentários durante o programa acadêmico. A seguir, uma brevíssima descrição sobre mim.

* Cleyton Torres, também conhecido apenas por Ton, é jornalista e designer gráfico. Atualmente é assessor de imprensa e editor de mídia em uma recém criada agência de comunicação, a SR Prado Comunicação. Possui extensão universitária em Cinema e bolsista do Programa de Pós-Graduação em Assessoria, Gestão de Comunicação e Marketing pela Universidade de Taubaté (UNITAU). Além de ser blogueiro e crítico político, foi finalista do 2º Prêmio Banco Real Jovem Jornalista - Semana Estado de Jornalismo, um dos mais importantes concursos do meio jornalístico de todo o estado de São Paulo para jovens jornalistas, patrocinado pelo Banco Real e realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

14.5.08

Você sabe o que aconteceu no ano de 1968?

por Fábio Santos

Há exatos 40 anos o mundo passava por um dos momentos mais importantes do século XX. A globalização começava a mostrar sua face e o planeta entrou em colapso diante de conflitos entre diversas nações, gerando um princípio de revolução, que veio do povo.

Em maio de 1968 uma greve geral aconteceu na França. Rapidamente adquiriu significado e proporções revolucionárias, mas logo em seguida foi desencorajada pelo Partido Comunista Francês. Alguns filósofos e historiadores afirmaram que essa rebelião foi o acontecimento revolucionário mais importante do século XX, porque não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores ou minorias, mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, faixa etária e de classe.

A resposta da população aos rígidos governos, sejam eles de direita ou de esquerda, foi um episódio fundamental para a história contemporânea que deve ser compreendido para que possamos entender a atual realidade do planeta.

A partir desta publicação, o blog "Seu Brasil" vai apresentar um documentário exibido originalmente pelo canal fechado Globo News, e que retrata as diversas faces daquele ano que marcou nossa história.

No primeiro capítulo poderemos entender os motivos das revoltas da década de 60, a importância da classe estudantil e o papel da mídia sobre a opinião pública, sobre tudo no caso da Guerra do Vietnã.

9.5.08

Eleitor quer renovação de Câmaras

por Hugo Luz

Pesquisa publicada pelo Jornal Valeparaibano deste domingo informa que a maior parte dos eleitores do Vale do Paraíba não pretendem votar nos vereadores que estão há quatro anos nas Câmaras Municipais. De acordo com o cientista político Marco Antonio Teixeira, da PUC, trata-se de uma tendência nacional. Essa é uma realidade que a cidade de Lorena já experimentou no último pleito: dos 17 vereadores, apenas dois foram reeleitos.

Eu creio, ao longo de uma experiência de três anos e meio dentro de uma Câmara Municipal, que o eleitor em geral ainda tem uma visão distorcida do papel do Legislador, que é visto como alguém que faz pequenos favores, doa jogos de camisa, botijão de gás, etc.

Outro fato que pode ter ajudado é uma perceptível mudança na forma de visão dos eleitores com relação aos políticos. Essa mudança tem seu carro chefe nas novas gerações, o que é comprovado por dados da mesma pesquisa, que indicam que a maior insatisfação é registrada entre os mais jovens: cerca de 42,9% das pessoas entre 16 e 18 anos afirmaram que se a eleição fosse hoje votariam em candidatos diferentes dos atuais vereadores. Na cidade de Jacareí esse número chega a 73,3%. Já em Taubaté, 27,3% dos jovens são favoráveis à renovação.

O próprio Jornal Valeparaibano tem sido um espelho de que a população está insatisfeita com a atual forma de se fazer política. Há mais de um mês as manchetes do jornal têm mostrado fatos como: “Prefeito de São José usa prédio público para fazer reuniões de campanha”, ou “Assessores trabalhavam em empresa de vereador durante expediente”, ou ainda “Vereador afirma que vai devolver 18 reais aos cofres públicos referentes a cópia que assessor teria dado à entidade”. São coisas que acontecem há anos em todas as esferas de Poder, mas que nunca ninguém falava nada. Acredito que uma grande mudança está por vir.

Em minha opinião, os resultados da pesquisa indicam tal mudança quando apontam que grande parte dos analfabetos reelegeria os vereadores que hoje possuem Cadeiras nas Câmaras. Essa parte da população ainda é bastante vulnerável àquela política de varejo que falamos anteriormente. Trata-se de um atraso, pois é claro que a Assistência Social (veja bem, não estamos falando de assistencialismo, e sim de Assistência) é de competência do Poder Executivo. Além disso, essas classes não têm acesso às informações, como as que falamos acima.

Embora enxergue como clara e inevitável a mudança na forma de visão das pessoas com relação aos políticos, acho interessante ressaltar o que pensa Sidney Kuntz, diretor-superintendente do Instituto Brasmarket, responsável pela pesquisa: “Essa insatisfação nem sempre se reflete nas urnas. Na maioria dos casos, porém, as pessoas podem até não gostar do trabalho do vereador, mas na última hora acabam votando nele porque conseguiram algum favor ou porque algum amigo pediu.” Bom, mas ainda preocupante.

8.5.08

Curso de Mídia Almap

por Fábio Santos

21 e 22 de junho
(reservas até dia 23 de maio)

Tipo do Curso:

Curso ministrado pelos profissionais de mídia da Almap/BBDO, abrangendo tudo o que um profissional precisa saber para atuar no mercado de mídia. Dirigido a publicitários, estudantes de comunicação e marketing, profissionais de veículos e anunciantes.


Instrutores

Eugênio Voltarelli Neto:


Atualmente supervisor de Pesquisa de Mídia Almap BBDO. Principais Clientes: Volkswagen, Claro, Embratel, Havaianas, Mizuno, Bayer, Antártica, Bauducco, O Boticário, Gol Linhas Aéreas, Pepsi, Elma Chips e Carrefour.


Atuou na Carillo Pastore Euro RSCG atendendo Embratel, Intel, Lu Danone, Reckitt Benckiser, Peugeot e Citroen. Leo Burnett como Assistente de Pesquisa de Mídia. IG – Internet Group como Analista de Mídia.


Marcelo Aquilino:


Atualmente supervisor de Pesquisa de Mídia
Almap BBDO. Principais Clientes: Volkswagen, Claro, Embratel, Havaianas, Mizuno, Bayer, Antártica, Bauducco, O Boticário, Gol Linhas Aéreas, Pepsi, Elma Chips e Carrefour.

Atuou no Ibope Mídia Responsável pelos softwares de audiência (Família Telereport, Família Planview, EasyMedia3 e RadioPlanning) visando estudar o mercado e promover melhorias, além de descobrir novas oportunidades para esses produtos. Elaboração da estratégia, desenvolvimento e prática do MediaClass, projeto que visa a capacitação do mercado nos softwares comercializados pelo IBOPE.


Módulos

INTERAÇÃO

PANORAMA DA MÍDIA

Histórico da Mídia Brasileira

Áreas de atuação de um profissional de Mídia

Como funciona a área de Mídia em uma agência

PESQUISA DE MÍDIA

Objetivos e Funções da área

Os Institutos de Pesquisa

Conceitos Básicos de Mídia


TV


Como se mede a audiência
Softwares Ibope
Emissoras/Custos/Coberturas


PAY TV

Metodologia Ibope

Softwares Ibope

Emissoras/Custos/Coberturas

PayTv Survey e Mídia Fatos


RÁDIO

Metodologia Ibope
Softwares Ibope

Emissoras/Custos/Cobertura

REVISTA / JORNAL

Metodologia Ipsos Marplan

Softwares Marplan

Revistas/Custos/Coberturas

Jornais/Custos/Coberturas
Circulação IVC

INTERNET

Metodologia Ibope

Conceitos específicos

Software Ibope

Portais/Custos/Coberturas


OUTROS (monitor/tgi/galileo/jove)

Monitor

TGI

Galileo

Jove

PLANEJAMENTO DE MÍDIA

Objetivos e Funções da área

O Sistema de Mídia

Objetivo

Estratégia

Tática

Processo de Reserva e Compra

MÍDIA ALTERNATIVA

O FUTURO DA MÍDIA

Carga Horária

2 dias, totalizando 12 horas.

Turmas

Máximo de 35 participantes.

Valor do investimento

R$ 248,00 (2x R$ 124,00)

Local: Lorena
Informações:
Prof. Fabio Corniani
fabio@frcc.com.br
(12) 9123-3894

Patifaria na Câmara de Vereadores de Pinda

por Marcos Cuba

Bom dia caros leitores. Venho retratar um assunto que está me causando algumas incompreensões e mudando o cenário da Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba, cidade onde resido.

A imprensa já divulgou para todos que os candidatos que trocaram de partidos podem perder o cargo. Isto acontece somente se o partido que este fulano pertencia requisitar a sua vaga perante o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), do contrário, ele continuará ganhando mais de R$ 4 mil por mês e fazendo as visitas em bairros e as campanhas.

Nesta cidade, vários vereadores trocaram de partidos, só que um deles parece que deu azar, porque o PT reivindicou a vaga e conseguiu. Aí então o conhecido FC (Felipe César) teria que sair da Câmara e dar lugar a Case, o Carlinhos do PT.

Isto aconteceu, só que o presidente da Câmara, que é do PSDB, questionou a pose de Carlinhos e atrasou este momento. FC entrou com recurso e conseguiu retorno à Câmara, mas pouco tempo depois o Carlinhos conseguiu uma nova liminar e assumiu como vereador de Pindamonhangaba.

Gente, que “Patifaria” é essa? O que está acontecendo numa cidade que há tanto tempo era pacata neste cenário? É preciso que nossos eleitores saibam as quantas anda a Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba. Isto é para causar indignação.

5.5.08

Essa tal liberdade

por Janaina Cortez

No dia 3 de maio comemoramos o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mas será que nós jornalistas somos realmente livres?

Esse dia também é usado para recordar os milhares de jornalistas que perderam a vida em missão, em plena busca de informação, em busca da pura verdade.

Dois períodos históricos vieram-me à mente quando sentei para pensar um pouco sobre esta data e o que ela representa atualmente. O primeiro é mais remoto. Trata-se do Século das Luzes (século XVIII), na Europa e EUA.

O segundo é mais próximo, tanto no tempo, quanto no espaço. Falo das ditaduras militares da segunda metade do século XX, no Brasil

O efeito mais direto dos iluministas foi a inversão da ordem social estabelecida com os princípios herdados da era Medieval. Mas, um outro efeito, mais profundo e imperceptível, se processava nos porões do pensamento. Uma transformação radical alterava a posição que o ser humano ocupava dentro da natureza e da sociedade, foram instituídos os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade entre os povos.

“Posso discordar do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.” Esta frase, de Voltaire, ilustra um grande anseio de liberdade de pensamento e de comunicação.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é fruto do Século das Luzes. Reza o artigo 19 desse documento: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.”

Bem, quase dois séculos depois, na América Latina, “o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões” virou uma grande utopia. As informações eram violentamente censuradas pelo regime, por meio de torturas físicas e psicológicas, exílios, assassinatos e atentados, ou mesmo a cassação dos direitos políticos de centenas de jornalistas.

O caso mais expressivo talvez tenha sido o do jornalista Vladimir Herzog, enforcado em sua cela na sede do comando do II Exército, em São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975.

Enquanto a classe média da sociedade brasileira assistia extasiada, pela TV em cores, ao jogo da final Brasil 4 X 1 Itália, da copa de 1970, no México, nos calabouços do regime existiam homens sendo mortos friamente.

Após o movimento das “Diretas Já” (1984), reinicia-se um processo de redemocratização política no Brasil. A partir de então, novos ares começaram a pairar sobre os meios de comunicação.

Mas, calma, as coisas não melhoraram da noite para o dia; e nem estão completamente sanadas. Acredito que produzir memória (crítica ou narrativa) é uma ação de responsabilidade social.

A “Liberdade de Imprensa” que eu, como jornalista, desejo, é uma construção cotidiana interminável e incansável. Acredito que a liberdade de imprensa é indissociável de responsabilidade social.

Nós, jornalistas do Blog Seu Brasil, fazemos nosso trabalho por que acreditamos (por mais difícil que seja) na possibilidade de construirmos um espaço de convivência social mais justo, menos violento, mais fraterno e mais igualitário.

Os espaços que reservamos para nossos leitores fazerem seus comentários é um lugar democrático, no qual depositamos o desejo de vermos discussões e debates que contribuam para a consolidação do regime democrático em nossa sociedade.

O jornalista não pode se limitar a informar sobre as mudanças ocorridas, mas deve ser também, ele próprio, um agente de mudança. Eu estou fazendo minha parte, e você?

Parabéns pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa!

1.5.08

Ironias de um 1º de maio

por Ton Torres

Ironia. Gosto desta palavra. Gosto de quem é irônico. É saudável usar a ironia no trabalho. Jornalistas bem sucedidos e respeitados usam a ironia o tempo todo. Jornalistas fracassados e esquerdistas também usam a ironia o tempo todo. Ironias em um 1º de maio (sim, 1º de maio, e não 1 de maio) são ainda mais cômicas.

Na véspera do dia do trabalho (no qual o trabalhador não trabalha!) recebi minha edição de abril da Revista do Brasil. Não gosto da revista, mas a adotei para fins meramente de ironização. A capa: Mino Carta. É bom ver como a imprensa manipulada pelo governo reage contra a própria imprensa. É bom ver uma edição de abril, o “mês vermelho” da facção terrorista MST.

A entrevista teve o mesmo tom que qualquer outra: pau na Veja e na Folha e que a culpa de tudo de ruim que acontece no Brasil é da “zelite” branca. Sempre a “zelite”. Sempre a mesma “zelite”.

A revista é tão insignificante que a esqueci dentro do carro, no porta-luvas, local que certamente nunca mais iria lembrar que ali jaz uma revista. Acontece que no mesmo dia recebi um livro que havia emprestado meses atrás: Lula é minha anta, do cronista Diogo Mainardi. Meu livro de cabeceira. Perfeito. Mino Carta e Diogo Mainardi não se bicam. Mino Carta e Diogo Mainardi seriam meu próximo tema aqui no blog.

Mino Carta ataca a “zelite” branca. Diogo Mainardi faz parte da “zelite” branca. Mino ataca meios como a Folha e a Veja. Diogo faz parte de meios como a Folha e a Veja. Mino alinha-se a Lula. Lula é a anta de Diogo. Mino não suporta tecnologias, aversão que o obriga até os dias de hoje a redigir todos os textos em sua máquina Olivetti Linea 88. Mainardi desfruta de posts no site da Veja, podcasts semanais e, como todo jornalismo comum, usa computadores para produzir os textos. Mas já confessou que assim que foi apresentado à internet, algum tempo atrás, a ironizou, afirmando que já existia o fax, e que portanto aquela tecnologia logo ficaria obsoleta. Nem só a diferença reina entre os dois.

As semelhanças também fortalecem o elo entre Mainardi e Mino. Mino Carta não acredita no Brasil, acha que não temos chance. Diogo Mainardi já foi acusado de torcer contra o progresso da terra brasilis. E respondeu: “não preciso torcer contra o crescimento do Brasil. O Brasil não precisa disso. Ele se desfazerá sozinho”.

Assim como Paulo Henrique Amorim, que atacou o portal iG assim que foi demitido, Mino Carta hoje desrespeita a Folha, o Estadão, o Jornal da Tarde e a Veja. Mino trabalhou em alguns desses meios. Mino Carta fundou alguns desses meios. Para um jornalista, o que era ruim ontem deve obrigatoriamente continuar ruim hoje. Não ensinaram essa regrinha a Paulo Henrique e a Mino Carta. Mas eles são bons em ironizar. Ironizam tanto que continuam fazendo parte e sendo contra a “zelite” branca. Eu prefiro só fazer parte. Ironizar a “zelite”, deixa que os petistas façam isso.

25.4.08

Rumo à capital mundial da pirataria

Brasil está entre os dez maiores produtores de artigos falsificados no planeta. E esse número está aumentando.

por Ton Torres

“Copiar, reproduzir e distribuir CDs, DVDs, softwares ou qualquer outro tipo de produto sem a conscientização dos autores e a autorização das empresas é uma prática nociva e ilegal, que resultará no fim da cultural artística musical, literária, científica e tecnológica. Pirataria é crime”.

Segundo o sociólogo Diogo Maciel, essa era a definição básica de pirataria no Brasil há 10 anos, por volta de 1997, quando a falsificação de produtos pulou de 3% do total de itens vendidos para 59%, índices que colocaram o país entre os dez maiores produtores de pirataria no planeta.

Hoje, no Brasil, segundo dados da Associação Internacional da Indústria Discográfica, de cada dez CDs vendidos, pelo menos a metade é falsificada. Somente em 2005, os brasileiros fizeram mais de 1 bilhão de downloads de músicas de maneira ilícita.

“A maneira ilegal com que os usuários baixam as músicas não é literalmente ilegal”, afirma o sociólogo. “Não somos produtores de tecnologia nem de softwares que realizem esse serviço. Entretanto, somos consumidores de informação que não possuem R$ 30 para gastar em apenas um CD. O único jeito é recorrer à pirataria cultural”.

O boom da pirataria moderna se deve - em grande - parte aos novos desenvolvimentos tecnológicos que permitem a cópia e reprodução infinita de um determinado produto. As novas tecnologias permitem que até mesmo o usuário comum realize de maneira simples, em um micro legal com um software legal, cópias de CDs, por exemplo.

“Estamos em um estágio onde fazer pirataria é comum, barato e, principalmente, é caseiro”, diz Diogo.

Já para a economista Iracema Rodriguez, o boom da pirataria brasileira se deve ao parâmetro de globalização econômica versus desigualdade social que o capitalismo se encontra.

“A pirataria cultural de hoje é uma resposta de um desejo de não centralização de poder nas mãos de um número cada vez menor de pessoas. Vivemos em um mundo que consome o tempo todo informação e cultura. A pirataria é uma forma de dizer não ao apartheid econômico que se instalou, e que impede muitos de terem acesso a essas expressões culturais”.

Atualmente, estima-se que as falsificações gerem, por ano, uma cifra em torno de US$ 450 bilhões no mundo, o equivalente a 9% de todo o comércio mundial. Somente no Brasil, segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a pirataria, o valor estimado da perde de arrecadação de impostos chega a R$ 10 bilhões por ano.

22.4.08

As várias faces do caso Isabella

por Fábio Santos

O caso Isabella tem tudo para se tornar um dos mais emblemáticos assuntos abordados pela mídia no Brasil. Logo chegaremos ao primeiro mês de cobertura e a todo instante nos deparamos com novos fatos, novas versões e mais debates.

A cada momento o assunto muda de ângulo e a mídia explora cada vírgula com exaustão. A mídia tem como dever informar sobre o assunto e traduzir os dados técnicos para os consumidores de informação, porém, apenas algumas empresas jornalísticas tentam fazer isso, já que a maioria explora a imagem da pobre menina morta.

É impressionante como programas de meio de tarde conseguem ficar horas a fio debruçados sobre um único tema: o caso Isabella.

Esta massificação provoca reações insanas em pessoas que não têm muito o que fazer da vida e ficam acampadas em frente a casa dos indiciados, colando cartazes e hostilizando o casal. É claro que a situação causa comoção em todos nós, mas a possibilidade de um julgamento precoce é sempre perigosa e, mesmo que a culpa seja atribuída aos dois, devemos deixar a justiça se encarregar do assunto.

No último domingo, a Rede Globo exibiu uma entrevista exclusiva com o casal Nardoni. Algumas emissoras esbravejaram pelo fato da emissora carioca ter sido escolhida pela família, mas o motivo da entrevista ter sido dada para a Globo é óbvio. Apesar de jogar insinuações ao telespectador, a Rede Globo foi uma das poucas que não usou de extremo sensacionalismo sobre a morte da menina Isabella.

Sobre a entrevista em si, confesso que fiquei chocado com tamanha calma e com as palavras utilizadas pelos dois. Se o casal for inocente, ficarei horrorizado com tamanha incompetência da polícia, porém, se forem realmente os culpados, perderei um pouco mais da confiança na raça humana, tamanho o cinismo que presenciei ao assistir tal entrevista. Cinismo dos acusados, dos advogados e do pai de Alexandre Nardoni, um dos responsáveis pelas estratégias de defesa do casal.

Por tais conflitos, acredito que este caso ainda vai perdurar por um bom tempo na mídia e vai marcar sim a história do jornalismo brasileiro do Século XXI e da cobertura jornalística mais pura, baseada em investigação, furo de reportagem e excelentes contatos.

Claro, sensacionalismo barato também...

Entrevista: André Felipe Czarnobai

Palavras de Cardoso
por Beatriz Caetana

Essa semana o Ton disse que estava sentindo falta dos meus textos no blog. Eu até cheguei a enviar um, mas estava ruim e pessoal demais. Portanto (adoro essa palavra) resolvi postar algo que me deu muito orgulho e trabalho de fazer. Uma das primeiras entrevista que fiz para o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre Jornalismo Gonzo.

O entrevistado foi André Felipe Czarnobai, o “Cardoso”, o jornalista mais pesquisado quando o assunto é Jornalismo Gonzo ou Gonzo Journalism, é só escolher. Para vocês que podem nunca ter ouvido falar sobre o tema, vou dar um simples resumo.

Jornalismo Gonzo é um estilo jornalístico, onde o repórter é a informação principal. A reportagem é sempre escrita em primeira pessoa, tendo como enfoque o sentimento obtido ao longo da matéria pelo repórter. Esse estilo totalmente subjetivo e “osmótico” foi criado e divulgado pelo meu já morto, amigo americano e fã de armas Hunter Thompson.

Eis agora a entrevista, que teve como contexto o porquê desse estilo ser pouco divulgado no Brasil, principalmente no meio acadêmico.

Blog Seu Brasil: Desde quando você começou a estudar o Jornalismo Gonzo?

André Felipe Czarnobai: A verdade é que, desde muito cedo, pratiquei o Gonzojornalismo – mas sem saber que existia um nome para aquilo que eu fazia. Fui tomar conhecimento da sua existência por volta de 99, e passeia a estudá-lo de uma forma mais consistente a partir de 2000.

BSB: Houve alguma mudança de quando você começou a fazer sua pesquisa até os dia de hoje, no meio do Jornalismo Gonzo? Se houve alguma evolução nas pesquisas?

Czarnobai: Provavelmente, não. É um gênero muito difícil de ser definido (muito nem sequer acreditam que seja um gênero, de fato) e muito pouco estudado ou praticado na mídia em geral. Nos Estados Unidos e Europa ele é pouco mais praticado, mas quase nunca é classificado sob esse rótulo, o que torna ainda mais difícil o seu estudo. No mais, o número de referências de qualidade na web é escasso, e os poucos praticantes, em geral, apresentam uma produção de péssima qualidade – salvo raríssimas exceções, é lógico.

BSB: Você teve algum empecilho quando fazia sua pesquisa?

Czarnobai: Muitos! Não existe muito matéria sobre o tema na web ou em livros. Além do mais, o objetivo da minha monografia era demonstrar que o gonzjornalismo era um GÊNERO jornalístico que merecia diferenciação do NEW JOURNALISMO. Mas para fazer isso, eu não podia recorrer a uma bibliografia acadêmica sobre o gonzo, porque isso simplesmente não existia. Então tive que montar toda uma argumentação a partir da comparação entre o New Journalismo e a trajetória profissional (e pessoal, já que no gonzo essas duas idéias se mesclam) de Hunter S. Thompson, o pai do estilo. Não foi nada fácil e, quase quatro anos depois, pelo que escuto de outros estudantes que pretendem concluir seus cursos com trabalhos sobre o gonzo, parece que a situação continua igual.

BSB: Você acredita que há uma falta de interesse do estudante de Jornalismo sobre essa linguagem ou é da imprensa de não divulga-la?

Czarnobai: Acho que o principal problema a falta de TALENTO. O maior erro do meu trabalho, na verdade, foi não ter falado, de uma forma mais clara,que o grande lance por trás do gonzo jornalismo não é a captação participativa ou o uso da ironia, das técnicas ficcionais e da primeira pessoas na redação. É o TALENTO de quem pratica. Não dá pra exigir que TODO jornalista seja um bom GONZO JORNALISTA. A grande verdade é que só se faz gonzo jornalismo com um escritor extremamente talentoso e, sobretudo, CARISMÁTICO. Sem isso, nada de importante pode ser produzido. No mais o interessante dos estudantes e os espaços na mídia existem, sim. Mas, como eu disse, ainda falta TALENTO. E isso simplesmente não se pode ensinar.

BSB: Você acha que o gonzo é pouco divulgado no Brasil? Qual seria a principal razão?

Czarnobai: O ensino de jornalismo no Brasil é muito, muito ruim. Até dois ou três anos atrás, a esmagadora maioria dos professores e jornalistas em atividade não tinha a MENOR idéia do que é o gonzo jornalismo. E não estamos falando de uma novidade, de uma última tendência em termos de comunicação. Estamos falando de um estilo com pelo menos 40 anos de idade.

BSB: O gonzo é uma linguagem diferente e interessante, porque no meio acadêmico essa linguagem é pouco pesquisada? Pois você é uma das poucas referências no meio do Gonzo (acadêmico).

É pouco pesquisada porque é pouco conhecida. Mas houve um crescimento absurdo no número de trabalhos que abordam o gonzo jornalismo nos últimos cinco anos. Hoje em dia existem pelo menos umas 15 a 20 monografias sobre o tema apresentados como trabalhos de conclusão de curso em universidades brasileiras. O que eu sinto falta, entretanto, é de estudantes se aventurando por esse campo. Claro que isso contradiz um pouco aquilo que eu falei sobre o TALENTO necessário para saber se é capaz de fazer uma coisa se tu não tentar. Eu não vejo NINGUÈM tentar, e isso me deixa com ainda MENOS esperanças para o futuro do jornalismo brasileiro.

BSB: Será que a cultura que nós vivemos, de um jornalismo sem muito diferencial onde o lead é certinho, as reportagens (dependendo da editoria), não oferecem uma abertura de linguagem diferencial, aonde já existe um costume jornalístico por de trás das matérias. Talvez não seja esse o problema para a não utilização do jornalismo gonzo? Pela cultura jornalística em que vivemos?

Czarnobai: Sim, é claro que a cultura jornalística vigente tem um papel muito importante. Os problemas estão justamente no paradigma da objetividade jornalística e na resistência que se tem de aceitar textos em primeira pessoa como “jornalístico” por se dizer. Outro problema é o fato do Brasil não ser um país de leitores. Havendo poucos leitores, existe menos ainda leitores CRÌTICOS, capazes de realmente entender as sutilezas de um estilo como o gonzo, que se equilibra perigosamente na fronteira entre o jornalístico e o literário. De qualquer forma, nos últimos anos, no meio de todo o boom dos reality shows, o próprio jornalismo precisou aprender a se reinventar como entretenimento, e técnicas mais participativas de captação vêm sendo cada vez mais usadas. Curiosamente, hoje em dia è na televisão e cinema que vemos as aplicações mais notáveis da ideologia do gonzojornalismo.

OBS: “Ninguém queria pegar minha banca porque ninguém tinha a menor idéia do que eu tava falando”

No hospital também se ensina

por Marcos Cuba

Devido à uma parceria entre as Secretarias de Estado da Educação e Saúde, alunos da rede estadual de ensino terão aulas mesmo em uma cama de hospital. Trata-se do projeto Classes Hospitalares, que já está em funcionamento. Este ano o número de atendimento será ampliado, com a finalidade de quejovens em tratamento tenham a oportunidade de estudar.

O projeto abrange apenas quatro hospitais da capital, com uma média de atendimento de 1,5 mil estudantes entre 6 e 17 anos. Ao todo, são 21 professores capacitados para lecionar às crianças que lutam contra doençar como o câncer, anemia, renais, hepáticas, respiratórias, psiquiátricas, infecto-contagiosas, cardíacas e traumáticas.

O foco do projeto é fazer com que estes alunos não percam o vínculo com o ensino e prepara-los para a reintegração no ambiente escolar. A secretária do Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, afirma que este é um trabalho importante, de continuidade à educação e de melhoria à saúde.

O interessante seria se este projeto ganhasse afluentes no interior, afinal aqui também têm muitos alunos que acabam se acidentando e ficando internados, alguns ficam impossibilitados de freqüentar a escola, assim como na capital. É louvável a iniciativa, já que a educação de nosso país está cada vez mais capenga.